A vila


Praia dos Pescadores, em Itanhaém

Maria Rita Paschalis

Outro dia, eu passeava pela praça e escutei um antigo morador dizer à esposa:

— Já que estamos aqui na vila, vamos resolver tudo.

As lembranças começaram a me encher de saudades daquela Itanhaém antiga, da época em que vim para cá morar, onde o centro da cidade era chamado de “vila”. Era uma cidade pequena, muito acolhedora e todos se conheciam.

Lembro-me das minhas amizades de escola, e que algumas o tempo se encarregou de solidificar. Como não me remeter ao passado e rever os famosos desfiles cívicos em homenagem aos artistas que se encantavam com Itanhaém e por aqui vinham pintá-la?

As aulas de música com a professora Vanda eram um deleite, pois me alegrava saber que havia tantas músicas lindas sobre a cidade, que havia poetas que retratavam a região.

Um dia, eu e uma amiga “bolamos” as aulas de Educação Física para assistir às gravações da novela “Mulheres de Areia”. Tudo era uma sedução e muito novo para essa adolescente paulistana.

Gravação da novela Mulheres de Areia, nos anos 70
O padre José de Anchieta passeou pelas praias e pela praça também, pois sua estátua viveu a aventura de ter sido mudada de lugar por alguns prefeitos que governaram.

Da época da colonização só sobraram a Igreja Matriz de Sant’Anna, o convento e a antiga cadeia. Todo o comércio em volta da praça, além do calçadão, teve sua arquitetura modernizada. É uma pena que não pensaram na preservação das fachadas originais do tempo da colonização.

Centro de Itanhaém, na atualidade
Há pessoas muito comprometidas com a religião e fazem de tudo para que a festa tradicional, em comemoração ao Divino Espírito Santo, continue. Os colonizadores trouxeram-na de Portugal, aproximadamente no século XIII, quando a rainha Isabel “abdicou da coroa em favor do Divino Espírito Santo”.

E hoje, vejo que muita coisa mudou com o progresso e quase não conhecemos mais as pessoas que por aqui moram. Itanhaém cresceu e não é mais a mesma de outrora, mas a bela topografia encanta a quem para cá vem passear ou morar, e a minha relação com a cidade e com as pessoas, me fizeram adotá-la como minha cidade.

Obs.: 6º texto a partir do curso "Como escrever crônicas", ministrado no Gabinete de Leitura, em Itanhaém. 

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