Bom dia!


Por Cláudio Mascaro Júnior*

Devidamente trajado para ir à Universidade (regata, bermuda e chinelo), monto em minha bicicleta vermelha, com penas de pombo presas no guidão e o pneu dianteiro furado, e sigo em direção ao meu destino. Começo o caminho com naturalidade, sentindo o calor do sol penetrando minha pele e o vento forte umedecendo minha face.

— Bom dia! – digo para o primeiro homem que encontro. Ele utiliza roupas brancas e tem um ar de bondosa humildade.

— Um ótimo dia, meu filho! Deus o abençoe!

Como é bom ter uma resposta amigável de alguém que jamais vi anteriormente. Continuo o caminho, com uma ótima sensação de felicidade instantânea.

— Bom dia! – resolvo repetir a frase, com um sorriso esboçado no rosto, para uma senhora que estava observando o chão enquanto andava.

— Só se for pra você, imprestável!

Pelo jeito nem todos desejam ter um bom dia, mas com certeza cada um aprende com as próprias experiências.

Após determinado período de pedalada, encontro uma jovem, exalando beleza e aspecto incomparáveis, e decido expressar novamente a conhecida fala:

— Bom dia!

Não sai nenhuma palavra de sua boca, apenas um simpático olhar. Talvez a moça se achasse bonita demais para me direcionar a fala, ou apenas não queria perder tempo e energia com um desconhecido em uma rua qualquer. Mas eu percebi a alegria que tomou conta de seu ser. Espero, sinceramente, que ela tenha um bom dia.

No momento em que eu me sinto completamente descontraído, observando as árvores frondosas na calçada e os passarinhos cantando alegremente em seus ninhos, ouço alguém dizer:

— Bom dia!

Direciono a visão e encontro um mendigo sentado na calçada. Tinha a roupa e os dentes sujos, além de um sorriso e de simplicidade no rosto.

— Bom dia! – respondo, olhando em seus decididos olhos escuros.

— Tem um trocadinho por aí? Hoje eu gostaria de comprar um lanche na padaria...

— Claro! Saco a minha carteira e despejo aleatoriamente algumas moedas, entregando para o inédito mendicante. Presumo que ele fará maior proveito daquele dinheiro do que eu. Uma esmola realmente não custa nada.

* Cláudio Mascaro Júnior é estudante de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (UNISANTA).

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