Tarados a bordo

Por Michele Quevedo e Michele Vila Nova*

Andar de ônibus. É algo que todo mundo faz ou pelo menos já fez um dia. Por falar nisso, tenho reparado nas atitudes de alguns homens dentro do ônibus. Eles parecem estar numa seca tão grande, que é só ver uma garota bonitinha que a safadeza começa. Desde os jovens até os sem dentes. Para ser tarado, não há idade. Tem aquele que senta ao teu lado e não tem a menor noção de espaço, ou finge não ter, insistindo em roçar a perna de um jeito que, se o ônibus balançar mais um pouco, o cara senta em cima de você.

Ultimamente, tenho reparado nos motoristas. Que eu saiba, eles estão ali para dirigir. Outro dia peguei um ônibus que, por sinal, era o errado. Logo quando subi, o motorista começou a me regular e falou uma graça, que não entendi. E se já não bastasse ficava olhando pelo retrovisor. Percebi que com toda a mulher que entrava, ele fazia a mesma coisa. Enfim, quando dei sinal, ele perguntou:

— Você vai virar nesta rua?

Respondi que sim, e ele, com a maior cara de pau, abriu a porta, mesmo estando longe do ponto. Bem, eu desci, pois facilitou para mim. Mas fiquei indignada!

Motorista pode ser calado ou falante. O calado constrange a garota de tanto observá-la pelo retrovisor. O falante provoca náuseas só com as barbaridades que diz. E por falar em náuseas, os passageiros idosos não podem ficar de fora. Estes adoram puxar conversa como se fossem bons velhinhos, fazendo papel de vovô. De repente, põem a língua de fora.

E quando o ônibus está lotado? Aí a oportunidade é única para querer se esfregar nos glúteos da garota. Na hora da curva, fingir desequilíbrio e cair em cima dela, ou então ficar fungando no cangote.

Já que os homens tarados jamais serão extintos, é preciso arranjar meios para sair dessas situações. Levar uma agulha na bolsa é uma boa sugestão. Na hora do encoxamento, é o momento certo para acertar uma boa agulhada no infeliz. Gritar também é uma opção. Não simplesmente gritar, mas fazer com que o ônibus inteiro saiba o que ele está fazendo.


* Texto produzido para a Oficina de Crônica, na disciplina Leitura e Produção e Textos, do curso de Produção Multimídia (UNISANTA)

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