Com as restrições à propaganda eleitoral em postes e muros, os candidatos resolveram abusar dos cavaletes. O tamanho e a quantidade da sujeira pela cidade variam conforme o cacife do político. Até os que juram amor pelo meio ambiente espalharam seus rostos sorridentes em suportes de madeira.
Pela legislação eleitoral, os cavaletes devem ser instalados e retirados todos os dias, até 22 horas. Muitos tubarões mantém a coerência e desrespeitam a lei. Mas seguem expostos e sujeitos a protestos, o que apimenta a campanha eleitoral e torna os cavaletes instrumentos de humor ou de raiva.
Segundo notas deste jornal, os deputados estaduais Bruno Covas e Paulo Alexandre Barbosa, ambos do PSDB e candidatos à reeleição, tiveram cavaletes marcados por uma mensagem: “Vá assinar a CPI do Judiciário”. O rosto de Covas foi marcado na Praça Palmares. O de Paulo Alexandre, carimbado na Avenida Afonso Pena.
Na orla da praia, entre os canais 1 e 2, outra manifestação: um candidato à deputado federal, também ex-prefeito, teve a testa marcada com a palavra “diabo”.
Os protestos são tímidos diante das campanhas volumosas. Os candidatos passam ilesos nas ruas, ainda que sejam observados com olhares de reprovação quando apertam mãos de velhinhos, beijam criancinhas ou experimentam pratos que fingem adorar com o sorriso amarelo.
Escrever mensagens nos cavaletes é uma ação democrática. Políticos são figuras públicas, sujeitas às manifestações de rejeição. Por mais que reclamem, seus cavaletes representam manchas na paisagem, em locais públicos, que emporcalham sem pedir licença. A pichação seria, a rigor, a sujeira sobreposta à outra.
Seus cavaletes simbolizam o desejo e o potencial de poder. Mas possibilitam outras leituras simbólicas dos eleitores. Leituras que os candidatos não podem controlar. Reações de quem acompanha a política com profundidade a quem apenas lê o processo de forma genérica. Ambos têm o mesmo valor na corrida eleitoral. E se sentem lesados por quem possui ou sonha em ter um mandato.
Os políticos, via de regra, apostam no olhar maniqueísta das relações com o eleitorado. Pintam-se como messias e desenham os adversários como demônios. E, como milagreiros da causa própria, se veem como alheios às cobranças e necessidades de resposta. Quando cobrados, desprezam a queixa. Apenas ocupam espaços sem entender as conseqüências como sinônimo de riscos.
Os protestos expõem as contradições deste relacionamento. Mover-se contra alguém que se julga acima do bem e do mal exige certa coragem. Abrir mão da inércia confortável das vítimas.
Na maioria das vezes, ficamos somente nos discursos com nossos conhecidos. Criticar políticos é exercício supremo da redundância. Exime-nos da co-responsabilidade. Cobrá-los significa – infelizmente - uma prática anormal.
O sujeito que picha os cavaletes age heroicamente. Quase um Robin Hood quixotesco do mundo urbano de hoje. Quebra um limite entre os mortais e os impunes.
Historicamente, a casta política se isolou em casas de poder, castelos com muralhas intransponíveis para os vassalos. O isolamento transmite a sensação de que xingá-los não mudará o quadro de forças, mas servirá como um desabafo, embora solitário.
Os cavaletes cheiram, para muitos eleitores, uma afronta que se manifesta a cada dois anos. A cara-de-pau de quem aposta no esquecimento ou na ignorância do presente e do futuro. As imagens retocadas, as frases-clichês de efeito e os sorrisos amistosos irritam qualquer eleitor, independentemente do nível de informação.
Os eleitores utilizam as armas que lhes caem nas mãos. As imagens sustentadas por cavaletes são as réplicas perfeitas daqueles que os traíram ou pecaram por omissão. Escrever o que pensam tornam os eleitores vivos, de certa forma, neste enredo ficcional.
É um protesto legítimo, que explica aos candidatos que a campanha não tem que seguir sem tropeços. Esclarece, a seu tempo, que é necessário fazer mais do que marcar território em espaço público, sem presença física, sem propostas consistentes, sem histórico de serviços prestados para a coletividade.
Os cavaletes não mancham somente a paisagem. As mensagens de protesto não mancham somente os rostos sorridentes dos candidatos. Marcam um relacionamento doente, com sintomas quase incuráveis. Cobrar um candidato é raro momento de lucidez. E protestar é uma obrigação em quaisquer cenários. Um ato que poderia se estender além dos votos anulados ou das pichações durante a campanha eleitoral.
Pela legislação eleitoral, os cavaletes devem ser instalados e retirados todos os dias, até 22 horas. Muitos tubarões mantém a coerência e desrespeitam a lei. Mas seguem expostos e sujeitos a protestos, o que apimenta a campanha eleitoral e torna os cavaletes instrumentos de humor ou de raiva.
Segundo notas deste jornal, os deputados estaduais Bruno Covas e Paulo Alexandre Barbosa, ambos do PSDB e candidatos à reeleição, tiveram cavaletes marcados por uma mensagem: “Vá assinar a CPI do Judiciário”. O rosto de Covas foi marcado na Praça Palmares. O de Paulo Alexandre, carimbado na Avenida Afonso Pena.
Na orla da praia, entre os canais 1 e 2, outra manifestação: um candidato à deputado federal, também ex-prefeito, teve a testa marcada com a palavra “diabo”.
Os protestos são tímidos diante das campanhas volumosas. Os candidatos passam ilesos nas ruas, ainda que sejam observados com olhares de reprovação quando apertam mãos de velhinhos, beijam criancinhas ou experimentam pratos que fingem adorar com o sorriso amarelo.
Escrever mensagens nos cavaletes é uma ação democrática. Políticos são figuras públicas, sujeitas às manifestações de rejeição. Por mais que reclamem, seus cavaletes representam manchas na paisagem, em locais públicos, que emporcalham sem pedir licença. A pichação seria, a rigor, a sujeira sobreposta à outra.
Seus cavaletes simbolizam o desejo e o potencial de poder. Mas possibilitam outras leituras simbólicas dos eleitores. Leituras que os candidatos não podem controlar. Reações de quem acompanha a política com profundidade a quem apenas lê o processo de forma genérica. Ambos têm o mesmo valor na corrida eleitoral. E se sentem lesados por quem possui ou sonha em ter um mandato.
Os políticos, via de regra, apostam no olhar maniqueísta das relações com o eleitorado. Pintam-se como messias e desenham os adversários como demônios. E, como milagreiros da causa própria, se veem como alheios às cobranças e necessidades de resposta. Quando cobrados, desprezam a queixa. Apenas ocupam espaços sem entender as conseqüências como sinônimo de riscos.
Os protestos expõem as contradições deste relacionamento. Mover-se contra alguém que se julga acima do bem e do mal exige certa coragem. Abrir mão da inércia confortável das vítimas.
Na maioria das vezes, ficamos somente nos discursos com nossos conhecidos. Criticar políticos é exercício supremo da redundância. Exime-nos da co-responsabilidade. Cobrá-los significa – infelizmente - uma prática anormal.
O sujeito que picha os cavaletes age heroicamente. Quase um Robin Hood quixotesco do mundo urbano de hoje. Quebra um limite entre os mortais e os impunes.
Historicamente, a casta política se isolou em casas de poder, castelos com muralhas intransponíveis para os vassalos. O isolamento transmite a sensação de que xingá-los não mudará o quadro de forças, mas servirá como um desabafo, embora solitário.
Os cavaletes cheiram, para muitos eleitores, uma afronta que se manifesta a cada dois anos. A cara-de-pau de quem aposta no esquecimento ou na ignorância do presente e do futuro. As imagens retocadas, as frases-clichês de efeito e os sorrisos amistosos irritam qualquer eleitor, independentemente do nível de informação.
Os eleitores utilizam as armas que lhes caem nas mãos. As imagens sustentadas por cavaletes são as réplicas perfeitas daqueles que os traíram ou pecaram por omissão. Escrever o que pensam tornam os eleitores vivos, de certa forma, neste enredo ficcional.
É um protesto legítimo, que explica aos candidatos que a campanha não tem que seguir sem tropeços. Esclarece, a seu tempo, que é necessário fazer mais do que marcar território em espaço público, sem presença física, sem propostas consistentes, sem histórico de serviços prestados para a coletividade.
Os cavaletes não mancham somente a paisagem. As mensagens de protesto não mancham somente os rostos sorridentes dos candidatos. Marcam um relacionamento doente, com sintomas quase incuráveis. Cobrar um candidato é raro momento de lucidez. E protestar é uma obrigação em quaisquer cenários. Um ato que poderia se estender além dos votos anulados ou das pichações durante a campanha eleitoral.
Comentários
Vote consciente, vote certo
Vote por interesse,
Ou vote por protesto
Vote por crença,
Vote por afeição
Vote por amizade,
Ou por centralização
Vote!!!
Pouco importa qual sua razão
Vote!!!
Seja por ideologia, Seja em troca de pão
É chegado seu grande dia
Faça valer a democracia,
vote!!!
Exerça sua cidadania
Seja cordeiro,
Digo,
Seja ordeiro... e reto
Vote consciente, vote certo!!!
Independente ao resultado
Consolide a democracia
Exerça sua cidadania
As urnas cidadãos!!!
No dia X e na hora H,
Este é o seu momento
Sua (única) parte no espetáculo
Do "nosso" crescimento
Tenha em mãos números
E na cabeça um candidato
É, o seu momento, é sua grande cena
É de grande importância
Não tome por coisa pequena
Vote consciente, vote certo!!!
Depois volte pra casa
E deixe conosco o resto
Decidir os rumos da vida
Não é coisa de gente amena
Volte pro futebol, boteco
Loura-gelada e toda a sua alegria
Durma bem, e até outro dia
Daqui mais dois ou quatro anos
Te convidamos
Para outra grande festa
Mais um show de democracia
Fábio F Massari e Fernado Coelho