Essas mulheres!

As mulheres provocaram as principais surpresas desta eleição na Baixada Santista. Das nove cidades, três serão comandadas por prefeitas. A maior novidade foi Maria Antonieta (PMDB), em Guarujá, que venceu no primeiro turno com 52% dos votos válidos. Ela derrubou o prefeito Farid Madi (PDT) e as pesquisas eleitorais, que indicavam segundo turno, com vantagem para ele.

Maria Antonieta foi vereadora pelo PT e deixou o partido, que aderiu ao governo de Madi. Ela confirma a teoria de que, mesmo com a máquina administrativa em mãos, disputar uma reeleição não significa vitória líquida e certa. É claro que ajuda na campanha, se pensarmos em Santos e São Vicente, embora – em 2004 – o então vice-prefeito João Paulo Tavares Papa ganhou a eleição por apenas 1771 votos.

Márcia Rosa (PT) é a primeira prefeita de Cubatão e representa a volta do Partido dos Trabalhadores ao Poder Executivo na Baixada desde David Capistrano, que governou Santos, de 1993 a 1996. São 12 anos de espera para um partido que, ao contrário do quadro nacional, segue enfraquecido na região. O PT teve candidatos a prefeito em apenas cinco municípios.

Maria Antonieta e Márcia Rosa enfrentaram campanhas parecidas, que envolveram ataques pessoais entre vários candidatos em detrimento de propostas e programas de governo. Houve, inclusive, episódios resolvidos pela Justiça Eleitoral.

A terceira prefeita da região é Milena Bargieri (PSB), de Peruíbe. Ela venceu com 49% dos votos válidos numa eleição particular. Ela é filha do ex-prefeito Gilson Bargieri, que renunciou na semana da votação depois de ter a candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Milena derrotou a atual prefeita, Julieta Omuro (PMDB), que ficou com 30% dos votos. Julieta assumiu o cargo após a morte de José Preto, no meio do mandato. Sem experiência política, como Milena se sairá na Prefeitura? Ou, como dizem os adversários, Peruíbe será governada pelo pai dela? Quatro anos para a resposta.

Peruíbe, assim como Santos, teve três candidatas a prefeito, o que coloca em dúvida o grau de exceção do desempenho feminino. É claro que, na maior cidade da Baixada Santista, confirmou-se a previsão. Papa venceu com 72%, mas não chegou à marca de 200 mil votos.

Aliás, Santos elegeu a vereadora com a maior votação da história. Telma de Souza teve quase 21 mil votos, cerca de 8,2%. Ela recebeu mais votos que Mariângela Duarte (PSB), terceira colocada na eleição para a Prefeitura.

Na história da região, Telma de Souza foi uma das quatro mulheres que ocuparam prefeituras. A outra é Julieta Omuro, governante atual de Peruíbe. As demais estiveram no poder há muito tempo. Guarujá teve uma prefeita nos anos 30 e Itanhaém, na década seguinte.

A chegada de três mulheres ao Executivo é um sinal interessante de mudança. Elas pertenciam à oposição e deverão ter cautela diante de um processo transitório até o final do ano. Como vão sobreviver à experiência inédita em suas carreiras? E no cenário metropolitano, ainda preso à retórica política e distante da prática? Quais posturas pretendem defender?

A presença de mulheres no comando pode representar sensibilidade e um novo olhar diante de questões e problemas mais elementares do processo administrativo. No caso de Cubatão, por exemplo, o orçamento supera R$ 800 milhões, maior do que muitas capitais. Dinheiro, portanto, existe!

Na verdade, a impressão é que os eleitores não as escolheram por serem mulheres, mas sim pela necessidade de sacudir o quadro político. Ou talvez de retorno a um modelo conhecido, se pensarmos exclusivamente em Peruíbe. Deve-se cobrar resultados e competência para o exercício do cargo, independente do sexo do administrador público.

Quanto à vereadora Telma de Souza, o meio político aposta que ela exercerá o mandato por quatro anos, sem desviar a mira para o Congresso Nacional. Telma faria uma oposição com a faca entre os dentes e o desejo de se juntar ao time das prefeitas em 2012.

Comentários

Anônimo disse…
As tres grandes lideranças femininas da região, apesar do bom desempenho em seus mandatos, não convenceram seus eleitores sobre a postura anunciada durante a campanha para novos mandatos a que concorreram. A ex prefeita Telma, apesar dos 21 mil votos que a elegeram vereadora, não convenceu como deputada e com certeza não obteria votação suficiente para um novo mandato à Câmara Federal. No exemplo masculino tivemos Cascione, que se aliou ao PT e deu no que deu, e Mansur vai pelo mesmo caminho. Ninguém engana tantos, durante tanto tempo.